Ruy Castro, na mais séria (ou a mais badalada) das biografias de Nelson Rodrigues, trouxe à tona uma expressão para deslindar o discurso literário do dramaturgo carioca (nascido em Recife!): "anjo pornográfico". Espécie de palavra-valise, a expressão é capaz de fazer pensar tanto na ousadia com que Nelson tratava a moralidade pequeno-burguesa quanto em certo caráter transcendente/religioso/místico que percorreria parte da obra do autor de "Toda nudez será castigada".
É justamente esse discurso de dubiedade entre um sagrado e as profanações mundanas que norteará o evento desse sábado do "Sinestésicos", "O popular e a decadência em Nelson Rodrigues". Discussão que ficará a cargo do Professor Doutor Ricardo Martins, cuja produção discute o conceito de cânone literário, o evento permitirá uma aproximação e uma introdução aos universos "profanadores" de Nelson Rodrigues, peça-chave na modernização do teatro brasileiro e autor de uma obra ainda polêmica.
Primeira montagem de "Vestido de Noiva" (1943) |
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