sábado, 28 de abril de 2012

A TRANS-FORMAÇÃO

Por Andrei Vanin 

Almodóvar. Um nome de “peso” na atualidade do cinema. Seu último, A pele que habito, que se soma à filmografia requintada onde estão Tudo sobre minha mãe, A má educação, Volver e Fale com ela, suscita questões pertinentes. Num primeiro plano, sobre o “cuidado” com a vida – assunto de outros filmes dele – e num segundo plano, levantando questões sobre ética e avanços científicos.

Almodóvar dirigindo A Pele


Numa mistura entre ficção científica, tempo futuro, construção da história não linear – o que garante surpresas e ansiedades no decorrer da película – e resquícios de literatura, o diretor espanhol cria seu drama, que foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2011. Antonio Bandeiras interpreta o médico Robert Ledgard, um renomado cirurgião plástico de transplantes de face. Depois de alguns trágicos acontecimentos em sua vida (morte, loucura e até um suposto estupro), ele começa sua luta para criar uma pele super- resistente, o que teria salvado sua esposa.

É a partir daí que o roteiro ganha em estranheza e passa da “pele” para a transformação sexual e de gênero. Os resultados de seus avanços científicos começam a levantar estranheza na comunidade dos médicos. Apesar dessa desconfiança e até mesmo de ameaças, Ledgard não desiste de seu objetivo.

Entre a solidão, o ódio, a angústia, os mistérios e a pesquisa científica está a discussão sobre a identidade e as formas de subjetivação contemporâneas. O filme faz repensar o que constitui a identidade do ser humano: se a identidade de uma pessoa se dá pelo gênero ou pelo sexo, o que aconteceria no caso da mudança mostrada no filme? A Pele, finalmente, faz um questionamento sobre o avanço da ciência, da ética e da moral.

 Para colocar em debate esses e outros temas, o Sinestésicos fará uma discussão no sábado, dia 5 de maio, às 14 horas na UFFS, sobre diversidade sexual e dispositivo sexual. É sempre uma oportunidade de trans-formação.





A Pele que Habito - IMDb

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