Por Leonardo Prozczinski e Mateus Moreno Sá
Sinestésicos então parte para discussões-divertidas.
Hoje, o que aparece é um texto em duo, marcado pela cisão argumentativa: de um lado, Mateus Moreno Sá, entusiasta da música nacional e de Criolo, de quem tem até a bolacha. Do outro, Leonardo Prozczinski, espécie de arauto dos sons eletro e que só enxerga o tom farsesco da “novidade” de Criolo.
Acompanhemos esse primeiro embate.
Criolo, o objeto da disputa |
Assim fala Mateus Moreno Sá:
"O 'bafo' do ano de 2011/2012 protagonizado por Nó Na Orelha (2011), de Criolo, repercute, atraindo os ouvidos de críticos, músicos, entendidos, e do público em geral. Inovou, em um álbum eclético onde cada música tem uma textura diferente, passando de lamento a reggae, experimentando cores e sonoridades variadas. Pode não agradar muitos ouvidos. Um choque, que levou várias nomeações e prêmios. Criolo é para ouvidos apurados.
Apesar de sua raiz musical ser no rap, o cantor explora outros gêneros e abusa de sua criatividade ao lado de Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman, que, segundo ele, tornaram o disco possível. As letras de Criolo são fortes, algumas com dialetos suburbanos, pintando cenas da cidade, proporcionando várias sensações no decorrer do álbum. Gera surpresas aos ouvintes.
O título Nó Na Orelha faz jus ao conteúdo do álbum: o ecletismo contido na obra faz parte da proposta do artista. Criolo conseguiu atingir seu objetivo com o fechamento do ciclo de dar e receber.
E assim fala Leonardo Prozczinski:
A conquista de Criolo é notória. Mas como ele chegou a isso? Aperfeiçoando a “fórmula mágica” de Emicida: reproduzindo um rap requintado e bem produzido, com boas mensagens e uma malandragem de fachada, ideal para quem acha que Marcelo D2 é pop demais. Criolo é um MC que canta bem, usa vocabulário da zona sul, falando supostamente “errado” (numa variedade de língua estigmatizada) de propósito, para ficar “cool”.
E as faixas, afinal? Desconexa com a ideia do disco e, principalmente, de seu estilo, a faixa Freguês da Meia Noite, um tango (sim, tango!) com uma sopa de palavras, parece ter caído de paraquedas em meio às rimas e críticas do álbum. Ao final, Sucrilhos e Lion Man fazem lembrar o bom e velho Sabotage, que também já fora produzido por Ganjaman. Logo depois, o “sambinha” reproduzido em Linha de Frente parece mais com uma piada sem graça enquanto o cantor faz versos com a Turma da Mônica.
O que resta é que Criolo monta um visual desleixado com roupas mais caras que ternos Armani. De forma esdrúxula e irônica, pode-se dizer que ele inventa o que pode ser chamado de “rap universitário” (argh!).
Sines investiga: qual é a do Criolo?
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É ruim ser rapper requintado e com uma boa produção e, além disso, desfragmentar a ideia do rap Brasil-subúrbio? Parece-me que não. Crioulo, no seu último álbum, leva o rap à essência: a sua música classifica-se como "rap" por conta das letras e temática, não pelo ritmo das canções. Samba, reggae, tango, mas ainda rap. Parece difícil, mas é isso que acontece nas faixas do 'Nó na orelha', de audição surpreendente - quem sabe seja por conta disso a nomenclatura do álbum.
ResponderExcluirAté onde essa miscelânea de gênero é boa eu não sei, mas os meninos podem "clarear" essa ideia, quem sabe?
Yan
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSÓ PARA OUVIDOS APURADOS!
ResponderExcluirO titulo já diz o que podemos esperar do álbum nó na orelha, um emaranhado de estilos passando desde o tradicional rap da zona sul de SP até um "BOLERO BRASILEIRO" caracterizado pela música "Fregues da Meia Noite".
Nó na Orelha extrapola rótulos e clichês!
esse álbum é capaz de dar nó na cabeça de quem nivela o rap brasileiro por baixo ...