quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A ALMA E O DIABO

Por Andrei Vanin 

Fausto (2011) é um filme dirigido pelo diretor russo Aleksandr Sokurov. O diretor faz uma adaptação do livro homônimo, Fausto, que foi publicado em 1808, pelo escritor alemão Goethe. A obra de Goethe já foi adaptado várias vezes para o cinema. Desta vez, o mito ficou sob a batuta de Sokurov, que tem uma vasta lista fílmica em seu currículo, que vai de longas a documentários. Os que se destacam, além de Fausto (2011), são especialmente A Arca Russa (2002), Mãe e filho (1997) e O Sol (2005). 

Sokurov

A película está centrada na figura de Fausto (Johannes Zeiler), que na sua busca incessante por conhecimento, acaba vendendo sua alma ao diabo. Fausto tinha por objetivo primeiro descobrir onde está a alma (no corpo) do ser humano. A cena inicial do filme mostra o personagem-título dissecando um corpo, à espera de encontrar a alma. Após estar quase faminto e sem dinheiro, desprezado por seu pai (Sigurður Skúlason), vai pedir ajuda ao dono de uma casa de penhores, que na versão de Sokurov é o diabo Mefistófeles (Anton Adasinsky). O “diabo” começa a seduzir Fausto, até levá-lo a assinar o pacto com sangue. Fausto, seduzido pelo diabo, vê na lavadeira (Isolda Dychauk) a causa de sua corrupção. 

O filme ganhou o Leão de Ouro em Veneza. Com a bela adaptação de Sokurov do poema de Goethe, podemos pensar em questões “nietzscheanas”: Mefistófeles não descreve uma ética ou uma moral. Apenas instaura o desejo de superar os limites do humano, instaurando uma mudança (transvaloração?) dos valores de Fausto. A narrativa, até o desfecho, permanece inquirindo sobre até que ponto o ser humano pode viver e se superar sem uma moral ou ética que guie sua vida, seja ela imposta (nobre/escravo), ou “criada” pelo próprio indivíduo (super-homem). Só por retomar essa discussão de modo instigante, o filme de Sokurov garante a satisfação da audiência.



Fausto - IMDb

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