sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O NÃO MAIS EFÊMERO

Por Mateus Moreno

Uma voz de textura aveludada chamou a atenção da crítica e do público no ano de 2010. Com o lançamento de Efêmera, Tulipa Ruiz produziu uma obra que faz uma salada mista de ritmos, sendo bem visível uma “pegada” indie. E o resultado é toda delicadeza e o assustador domínio de sua voz.



O lançamento de Tudo Tanto (2012) contraria as expectativas em relação ao primeiro álbum da cantora. As constantes são a evolução e a necessidade de provar novas tendências. Enquanto as guitarras do pai Luiz Chagas se desprendem da timidez de outrora, embarcando em uma estrutura mezzo experimental, mezzo pop-tropicalista, a voz de Tulipa ganha um espaço ainda mais amplo do que no disco passado. O trato nos arranjos orquestrais cria mais intensidade dramática. As músicas exploram diversas dinâmicas musicais: em OK, tem-se uma harmonia mutável, com diversos temas e cadências. Os embalos de sonoridade limpa estão em faixas como Bom, cujo arranjo delicado brinca com os vocais e o fraseado instrumental. O desabafo presente em Vibora, sem esconder o íntimo, deixa visível as distorções e os sussurros. 

Quem esperava por um registro que reproduzisse o mesmo “pop florestal” do disco anterior talvez se impressione com a descontrolada massa de ruídos, que proliferam. Tulipa rompe com a primeira impressão de boa moça, rasgando vozes, versos e tornando públicas diversas desilusões particulares. 

A proposta do novo trabalho distancia-se do anterior. Tulipa explora parcialmente novas sonoridades, voltadas a um tom mais intimista, em busca da solidificação de sua carreira, ao mesmo tempo em que - para a sorte do ouvinte - procura a se "reinventar".



Tulipa Ruiz - iTunes
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