Por Andrei Vanin
This must be the place (2011), dirigido por Paolo Sorrentino, é mais um daqueles filmes que tem uma narrativa simples, mas surpreendente. O diretor italiano - também de Il divo: La vita di spettacolare Giulio Andreotti, premiado no Cannes de 2008 - dá vida a um rockeiro aposentado que não faz show há mais de vinte anos. Sorrentino parece ter se inspirado em Robert James Smith, o vocalista da banda The Cure, para fazer seu personagem principal. Cheyenne (Sean Penn) se veste, se maquia e usa jóias como se ainda fosse uma estrela do rock em atividade. Ele é o personagem criado pela sua música. Com o passar do tempo, Cheyenne se cansa da vida que está levando e decide reencontrar seu pai, que está à beira da morte.
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| Penn como um quase-Cure |
Até esse momento, a narrativa não causa tanta expectativa, parece ser uma simples história de como é a vida de uma ex-estrela do rock. Mas eis que seu pai morre. Cheyenne sente-se na obrigação de realizar um desejo de seu pai, o de encontrar e vingar-se de um ex-oficial nazista. Nessa procura – movido pelo desejo de vingança –, ele descobre toda a humilhação que seu pai passou em Auschwitz nas mãos do soldado nazista e passa a viver novas experiências, tendo inclusive uma simbólica passagem da adolescência para a vida adulta.
Sorrentino parece ter captado bem os pequenos dramas que compõem a vida de Cheyenne. Num primeiro plano, ao dar mais ênfase ao aspecto de deslocamento da “realidade” que as grandes estrelas tomam. Depois, ao dar mais ênfase aos aspectos mundanos da estrela.
This must be the place (2011) ganhou o prêmio do júri ecumênico em Cannes no ano passado. Foi premiado ainda no Davi di Donatello, por melhor roteiro, fotografia, maquiagem, design de cabelo, música e canção. Com a trilha produzida por David Byrne e participação de gente como Iggy Pop, o filme é sempre um modo de "ver" música no cinema e sentir saudades do Cure.
This must be the place - IMDb
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