Por Yan Kaue Brasil
Amanda Palmer é desses interdiscursos bem densos: cabaré-punk-brechtiana – como considerava a integrante de sua ex-banda, The Dresden Dolls, e metade do seu ex-duo, Evelyn Evelyn. Palmer lança, agora, seu terceiro álbum solo, Theatre is Evil (2012), que foi escrito durante os quatro anos que o separam do primeiro, Who Killed Amanda Palmer (2008). Performática e, em tempo, agressiva, Palmer presenteia os seus fãs – que colaboraram com mais de US$ 1,2 milhões para a produção do disco – com esse álbum frondoso e, sobretudo, perspicaz.
Do mundo de Lynch, Amanda (Laura) Palmer |
Após uma breve introdução que apresenta a sua banda, The Grand Theft Orchestra, Palmer joga o ouvinte em Smile (Pictures or it didn’t happen), canção nostálgica, grandiosa, com sintetizadores e orquestra, com vocais poderosos e euforias (mil). O single, The Killing Type, vem com uma pegada rock, em que Palmer demonstra todo seu talento cru e agressivo, tanto nas composições quanto na interpretação. Seguindo a linha rock-explosivo-de-garagem, em Do It With a Rockstar, Amanda canta: “Quando você poderia fazer isso com uma rockstar?”, sobre uma bateria nervosa.
O synthpop que acontece em Smile se repete em Want It Back, e se mistura nos sintetizadores e vocais em coral de Grow Man Cry. Sob efeito de uma voz arrastada, melancólica, com piano, cordas & partituras, Trout Heart Replica é reflexiva e apropriada para os dias cinzas. Em seguida, acontece uma espécie de interlúdio, na instrumental A Grand Theft Intermission.
Em Lost – e na sequência do disco – o piano toma o primeiro plano. Com uma bateria bem marcada, Lost é daquelas faixas empolgantes, de dançar & pular & (quase) rebolar. Nas cabisbaixas Bottom Feeder e em The Bed Song, o álbum toma um rumo “tocante”, para os de cotovelo ardente. Derrotados. Paixão derradeira. Em Massachusetts Avenue e Melody Dean, a guitarra e os sintetizadores voltam com tudo, e levam à Berlin – que é épica. O álbum culmina na fulcral Olly Olly Oxen Free: resultado de que Amanda Fucking Palmer fez um dos trabalhos interessantes de 2012.
Amanda Palmer - iTunes
Amanda Palmer - Facebook
Amanda Palmer - Official Website
E performática animação (2011) de No Surprises, do Thom Yorke, direto do OK Computer (1997), do meio do Radiohead:
Nenhum comentário:
Postar um comentário