terça-feira, 5 de outubro de 2010

O mal, a banalidade, os vampiros

Hannah Arendt, em "Eichmann em Jerusalém" (1963), traz uma célebre análise do mal: a da banalidade. Ao relatar e problematizar o julgamento de Adolf Eichmann, um colaborador do genocídio da Segunda Guerra, Arendt nos faz pensar num mal sem arroubos, burocrático e desencantado.

Passados mais de cinquenta anos do livro, uma discussão semelhante pode ser lida em "Låt den rätte komma", traduzido no Brasil por "Deixe ela entrar". O longa sueco, dirigido por Tomas Alfredson (que atualmente filma com Nicole Kidman), utiliza um mito caro ao Ocidente, o do vampirismo, para criar uma difícil e trágica narrativa que tem como protagonista uma vampira-criança, que mata para poder sobreviver.

Cena de "Deixe ela entrar"


Nas terras gélidas da Suécia, a menina é encontrada (no parque, como fazem as crianças) por um pré-adolescente humilhado e temeroso, que sofre mazelas terríveis em sua escola. É a partir daí que o diretor, genialmente, traça o paralelo entre a maldade quase-animal da menina-vampira e a absoluta banalidade dos adolescentes, que atacam o garoto sem descanso.

Fotograficamente impecável, com atores afiados e uma direção primorosa - cuja montagem faz lembrar os planos de Bergman  -, "Deixa ela entrar"  é, diferente de qualquer bobagem adolescente e vampiresca, um discurso sobre o mal e a banalidade neste no mundo contemporâneo.


Uol Cinema - "Deixe ela entrar"

Revista Cult- Vampirofilia

Trailer original do filme "Deixe ela entrar"




Em tempo: está pra sair uma adptação americana do filme, dirigida por Matt Reeves, de "Cloverfield".
Postado por SINESTÉSICOS às 09:18 0 comentários

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