Por Elton Piran, bolsista de Iniciação Acadêmica e acadêmico do Curso de História da UFFS - Erechim
O diretor dinamarquês Lars Von Trier apresenta uma produção cinematográfica diferente dos modelos tradicionais do cinema, que discute a própria categoria e seus elementos constituintes, como personagem e roteiro. Responsável por "clássicos" da cinematografia contemporânea - como "Os idiotas" (1998), " e "Dançando no escuro" (2000) e "Dogville" (2003), Trier tem se devotado a provocações temáticas e formais como há muito não se via - sem contar que sua direção de atrizes é praticamente imbatível e já premiou Bjork, Nicole Kidman, Emily Watson e Charlotte Guinsbourg.
Lars von Trier |
Seu último filme, "Anticristo" (2009) começa com uma trilha musical agradável uma forma perfeita nas fotografias em movimento. Sinistro e decisivo, porém, o filme segue uma direção obscura: enquanto um casal central mantém relações sexuais no quarto, um menino (seu filho consegue abrir o berço e começa a caminhar pelo apartamento e, sem que o casal perceba, a criança salta pela janela.
A partir dessa morte, o casal não consegue superar o luto. Para intentar uma recuperação, passam a habitar numa cabana, isolados na "floresta do Éden". Ela (a esposa vivida por Charlotte Guinsbourg, em desempenho irretocável), que tinha dotes de espírito e de inteligência para escrever, sente-se culpada, enquanto seu esposo (outro personagem construído com a dureza necessária por William Defoe), psicólogo influencia a mulher a parar com o tratamento medicamentoso (psiquiátrico) e sugere que escreva em uma lista seus maiores medos. É por meio desta lista que seu esposo pretende contribuir para sua recuperação fazendo uso de certas terapias e conhecimentos de sua área profissional.
Durante o período que o casal está na floresta imaginando uma psicoterapia, coisas fora do comum e misteriosas passam a interferir na vida de ambos. Nesse momento a película ganha em bizarria e polêmica, envolvendo temas controversos - como o assassínio do filho - e a idéia de que a natureza é uma espécie de desordem ética, o "anticristo".
As discussões em torno do filme não foram capazes de tirar seu brilho. O "Anticristo" permanece uma produção profundamente intrigante enigmática, surpreendente e polêmica, que objetiva levar o público a um lugar desconhecido e distante do que imagina ser "a realidade". Justamente por isso, demanda de seus expectadores concentração e reflexões um pouco mais demoradas que o habitual. diretor alcançados.
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