quinta-feira, 4 de outubro de 2012

SUPER PRODUÇÕES?

Por Andrei Vanin 

Investimentos milionários fazem bons filmes? Algumas vezes sim, outras não. Os exemplos mais pertinentes da "dicotomia" são as produções desse ano: Os Vingadores (The Avengers, 2012)Jogos Vorazes (Hunger Games, 2012) e Batman (Batman, The Dark Knight Rises, 2012) parecem estar fadados a serem os grandes blockbusters do ano, ao passo que Brave e John Carter parecem ter decepcionado.

Cena de Hunger Games

Os Vingadores precisa de poucas linhas - pela obviedade - para a bilheteria de mais de 1 bilhão de dólares. Já a adaptação do primeiro livro da trilogia Jogos Vorazes, escrito pela americana Suzanne Collins, é um filme que quase surpreende. O elenco tem como trio principal Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson e Liam Hemsworth. A história futurista, que num primeiro momento parecia estar sendo construída para os jovens, como a saga Crepúsculo, não fica presa a historinhas sentimentalistas, super-poderes e amores dos sonhos. Ela é, antes disso, uma narrativa muito bem construída, que vai de temas políticos e éticos a sentimentos e guerras. O longa teve um orçamento estimado em 78 milhões de dólares, faturando na primeira semana 152 milhões de dólares, somente nos EUA. É o primeiro filme que não foi lançado pelos grandes estúdios americanos (Fox, Disney, Universal...) que fatura mais 400 milhões nos EUA. 

Por sua vez, o último filme da trilogia Batman teve um orçamento estimado em 250 milhões de dólares e na semana de abertura faturou mais de 160 milhões de dólares somente nos EUA, sendo que no mês passado a estimativa é de já ter ganho cerca de 444 milhões de dólares no mundo todo. O diretor do longa, Christopher Nolan, parece ter dado nova vida ao heroi, ao colocá-lo no centro da narrativa e seus vilões em segundo plano. O longa faz pensar em questões políticas que vão do poder efetivo do povo às grandes trapaças feitas por alguns para ascender ao poder e como a imagem desses poderosos parece ser vendida ao ajudar entidades filantrópicas, por exemplo. Além de ser uma narrativa bem construída, ao retornar essas questões Batman já vale a audiência, seja de fãs ou não. 

Se Os VingadoresBatman e Jogos Vorazes agradam, Brave e John Carter decepcionaram. Brave (no Brasil, Valente), produzido nos estúdios Disney/Pixar, teve um orçamento estimado em 185 milhões de dólares, mas na semana de abertura faturou apenas 66 milhões de dólares nos EUA - até o final do mês de setembro havia faturado cerca 233 milhões no mundo. O elenco conta com a experiência e a qualidade – especialmente no que diz respeito às vozes - dos atores Kelly MacDonald, Billy Connolly, Emma Thompson e Julie Walters. Parece que nada adiantou e nem público nem crítica foram convencidos com a batida história medieval.



O caso de John Carter parece ser ainda pior. Com um orçamento estimado em cerca de 250 milhões de dólares, teve na semana de abertura um faturamento de apenas 30 milhões de dólares nos EUA. O resultado final mundial: “míseros” 282 milhões. Nestes tempos bicudos e de bilheterias irregulares, Hollywood parece retomar ao medievo, e aos ensinamentos de Tomás de Aquino: “algo não é belo porque o amamos, mas é amado por nós porque é belo e bom”. Em 2012, é da filosofia a melhor resposta para os fracassos cinematográficos.

Batman - IMDb 
Jogos Vorazes - IMDb
John Carter - IMDb 
Brave - IMDb 

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