Por Mateus Moreno Sá
Mesmo um pouco “passado”, Seu Jorge and Almaz (2010) merece a citação. Além do já conhecido Seu Jorge, o "grupo" é composto por ótimos músicos: o multi-instrumentalista Antônio Pinto, que toma os créditos de grandes produções do cinema - como O Amor nos tempos do Cólera (2007), Cidade de Deus (2002) e Central do Brasil (1998) ; Lúcio Maia, o guitarrista e fundador da rítmica Nação Zumbi e do manguebeat; e Pupilo, o jovem baterista da Nação. A proposta da obra se resume em nova roupagem para diversas músicas, explorando a sonoridade brasileira, aliada ao jazz e aos ritmos caribenhos.
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| Almaz |
O interessante é que a obra foi lançada primeiramente no mercado internacional, ganhando o formato em vinil duplo, e só no ano seguinte chegou ao Brasil. Os shows do conjunto aconteceram fora do território nacional, nos EUA e na Europa, onde o som foi bem aceito, o que não ocorreu em terras brasileiras. A versão em LP diferencia-se da disponibilizada para download, contando com uma pequena diferença de repertório e no trato de mixagem e masterização das músicas: o projeto inicial continha um setlist de 18 músicas, e foram escolhidas apenas 12.
Das faixas, a frenética Girl You Move Me ganha versão melosa e introspectiva, para depois cair num abismo de peso e distorção. O embalo de Michael Jackson toma uma nova proporção em Rock with You, tendo acompanhamento da criativa guitarra de Lúcio Maia; já na clássica Everybody Loves the Sunshine, do jazzista Roy Ayers, os sintetizadores criam o clímax com a voz gorda e sensual de Seu Jorge. Juízo Final, um clássico do samba de raiz, tornou-se mais moderno e rico com a nova roupagem, carregado de sentimentos embalados ao som do cavaquinho e da ambientação sonora gerada pelos instrumentos.
No decorrer do álbum, a integração criada pelo grupo é perfeita, fazendo com que nenhum elemento ou artista se sobreponha ao outro. É uma das melhores obras de Seu Jorge e companhia, um momento que permanece vivo e serve de exemplo de uma verdadeira obra musical.
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