sábado, 15 de dezembro de 2012

DA SÉRIE: CINEMA NACIONAL

Por Deloan Mattos Perini 

Cineasta brasileiro, diretor, produtor e roteirista gaúcho, Jorge Furtado iniciou sua carreira em sua cidade natal, Porto Alegre, no início dos anos 80, onde trabalhou na TV Educativa/RS. Em 1982, contribuiu para a criação do Quizumba, programa cultural que abordava assuntos variados: cultura pop, entrevistas com músicos, cineastas, apresentando uma linguagem considerada ousada para época. Dirigiu seu primeiro curta metragem em 1984, Temporal, que foi vencedor do Festival de Gramado na categoria de Melhor Curta e Melhor Diretor. 

Furtado

Reconhecido internacionalmente, em 1986, foi premiado com O dia em que Dorival Encarou a Guarda como melhor curta nos festivais de Gramado, Havana e Huelva; Barbosa, em 1988, no festival de Havana e, em 1989, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim com Ilha das Flores. Recebeu ainda prêmios nacionais e internacionais de melhor diretor, filme e roteiro, com os filmes Houve uma vez dois verões (2002) e o conhecido O homem que copiava (2003), que atingiu um público de mais de 600 mil espectadores. Nesse filme, o protagonista, Lázaro Ramos (André), é um humilde trabalhador que exerce o cargo de operador de fotocopiadora. O atrapalhado rapaz se apaixona por uma garota que trabalha em uma loja próxima à sua casa. Para conquistá-la, André resolve comprar um presente, porém não tem dinheiro para isso. As atitudes do protagonista para alcançar seu objetivo e conquistar a garota tornam a história envolvente e engraçada. 

Jorge Furtado trabalha seus roteiros de uma forma sutil, transpondo a linha do educacional e do politicamente correto, através de temas sociais e críticos como gravidez e desemprego. Em seu último longa, Saneamento Básico (2007), Furtado toca novamente em questões delicadas, como infraestrutura e política, conduzindo-as muito bem. O filme conta a história de uma pequena cidade, chamada Linha Cristal, que investe mais em cultura (cinema) do que em sua própria infraestrutura (saneamento). Somente após a reivindicação de moradores por obras de saneamento é que a administração pública resolve atender essa demanda, propondo criar um filme que arrecade verbas para a construção da fossa. No filme, Jorge Furtado mistura diálogos e cenas corriqueiras, como a discussão de um casal sobre micose e o erudito inusitado da cena em que um poema sobre cabelo é recitado. Essa brincadeira comunicativa aliada com o entrosamento dos atores torna o filme inteligente e muito bem humorado. 

Fora dos estúdios, Jorge Furtado foi também um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é integrante desde 1987. A Casa iniciou como uma cooperativa e partir de 1991 se tornou uma produtora independente administrada por seis sócios. Durante toda a sua história, produziu vários filmes, vídeos, além de programas de televisão, cursos, debates e programas eleitorais. 

A Casa... se tornou referência para o cinema brasileiro contemporâneo, difundida nacional e internacionalmente. Atualmente, a Casa evidencia sua qualidade com mais de 250 prêmios recebidos, sendo 130 pertencentes a Jorge Furtado que, por seus curtas e longas, é um dos mais conhecidos e respeitados diretores do país. 



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