segunda-feira, 23 de abril de 2012

DA SÉRIE: ESPANTA-SENILIDADE

Este ainda auspicioso 2012 é o tempo do retorno de um músico, artista & tudo-e-tal fulcral na cena alternativa mundial, Rufus Wainwright. O cara, exemplo mais típico de certa fauna nova-iorquina, tinha gravado álbum orquestral em homenagem à mãe (que havia morrido) em 2010, logo depois do estrondoso Release the Stars (2007), e resolveu tomar o que era seu de direito: uma produção que falasse ao público de algum lugar do espectro pop.

Rufus

Rufus, então, fez o que se pode: chamou Mark Ronson (o produtor de Back to Black), se apaixonou por ele (talvez biblicamente),convidou a galera do Wilco, do Miike Snow e o guitarrista do Yeah Yeah Yeahs e fez o que se esperava dele: um álbum pop-orquestral-crooner-pós-rock-eletrônico daqueles que até os inimigos gostam.

Lançado há poucos dias, em 20 de abril, o tal disco chama-se Out of Game e destila letras contra  o pior do mainstream: a faixa-título renega a senilidade e assume uma postura fora-do-jogo. Aqui, ressoam ecos das críticas feitas às supostas "novidades revolucionárias" da música (ele afirmaria, em entrevista, que Gaga sequer tem uma música...) e permanecem os resquícios de uma ainda alteridade. O álbum traz faixas como Perfect Man, que retoma o problema de Rufus com heteronormatividade e masculinidade, e a brilhante Bitter Tears, onde ouve-se "o que mais temo/são minha lágrimas amargas" e que vem devidamente acondicionada num arranjo que remete à Abba.

Wainwright, cujos discos são apontados entre os mais importantes dos anos 90 e 00, encara a "missão impossível" do ganho de visibilidade. Projeto espinhoso, o que ele consegue de fato é um seu costume: um álbum coeso formalmente, uma série de letras exatas & duras e, para quem esperou, uma vontade irremediável de furar o disquinho na vitrola - sometimes you need.




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