Por Andrei Vanin
Nesse tempo quente de paralisações, greves & movimentos, nada melhor do que discutir o chamado "cinema engajado". A partir do fim da segunda guerra mundial e do nazi-fascismo, houve uma mudança nas condições sociais, econômicas, psicológicas e culturais no que se entende por Europa Ocidental. O cinema também se transformou. Alguns diretores da época começaram a produzir filmes que buscavam mostrar “a realidade como ela é”. Um dos mais conhecidos “movimentos” de politização do cinema foi o que se denominou de neo-realismo italiano tinha esse enfoque e procurava mostrar as dificuldades sociais.
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Cena de Ladrões de Bicicleta |
Com atores amadores, filmagens fora de estúdio e fotografia documental, alguns nomes se destacaram, como Rosselini – com seu filme Viagem à Itália (1954) - , Vittorio de Sica – com Ladrões de Bicicleta (1948) -, Luchino Visconti - com Obsessão (1943). Na atualidade, um nome destaque nesse estilo de fazer cinema – o dito cinema engajado – é o cineasta inglês Ken Loach. Com filmes produzido na década de 60 e 70, Loach ficou conhecido com Kes (1969), que foi considerado um dos melhores filmes feitos na Grã-Bretanha.
Loach atingiu o auge de suas produções na década de 90: Agenda Secreta (1990) ganhou o prêmio especial do júri no festival de Cannes, em 1990; Riff-Raff (1991) ganhou o Felix de melhor filme europeu, em 1992; Chuvas de Pedra (1993) ganhou prêmio especial do júri de Cannes, em1993.
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Ken Loach |
O clássico de Loach, porém, ainda permanece Terra e Liberdade (1995), que ganhou o prêmio do júri ecumênico em Cannes, sendo um sucesso de bilheteria na Espanha. Loach inspirou-se na obra de George Orwell para produzir a película, cuja ação se concentra em alguns personagens que combatiam o Partido Obrero de Unificación Marxista (POUM), no processo de decadência e da trágica derrota do movimento revolucionário espanhol contra a ditadura de Franco. Seus trabalhos mais recentes, como Ventos da Liberdade (2006), À procura de Eric (2008), e The Angel's Share (2012), continuam a retratar as dificuldades sociais e a política.
O cinema engajado continua a ser reconhecido e respeitado. Na edição deste ano de Cannes, o egípcio Depois da Batalha (2011) estava presente e marcou a “esfera política” do evento. No dia 7 de julho, o Sines também se engaja e terá a participação do professor Cassio Brancaleone, que discutirá a respeito de políticas no/do cinema e afins, na “Primeira Virada Cultural”.
Ken Loach - IMDb
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