quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O LUAU 1111

Por Mateus Moreno 

Descendente de índios e holandeses, Otto Maximiliano, percussionista vindo do movimento Mangue Beat, lançou seu mais novo trabalho, titulado The Moon 1111(2012), contendo as diversas vivências acumuladas nestes seus 15 anos de carreira. “Ex-percussa” de uma das maiores bandas do gênero, o Mundo Livre S.A., Otto sempre foi um músico que não se poupou da experimentação em busca de uma sonoridade própria, apesar de já ter solidificado sua personalidade desde início da carreira com o álbum Samba pra Burro (1998). 

Os problemas pessoais em 2008 fizeram os sentimentos de Otto se perderem em rumos totalmente incertos. Porém, aos poucos, ele direcionou essas percepções individuais e criou o intimista Certa Manha Acordei De Sonhos Intranquilos(2009).

Otto: na Lua.
O novo álbum contém uma sonoridade que mistura diversos estilos, por estar embasado num estudo de filmes e discos, além da pessoalidade do próprio artista. Estas influências dançam entre o filme de François Truffaut, Fahrenheit 451 (1966), e os místicos álbuns Tábua de Esmeraldas (1974), de Jorge Ben, e Tim Maia – Racional (1975). A obra se entrega de forma aberta a conceitos filosóficos, místicos e matemáticos que circulam em torno do número “1111” : “fluxo das ideias” e “estado de grande consciência”, além da abertura para os universos paralelos. 

A produção é assinada pelo companheiro Pupillo, o baterista da Nação Zumbi e integrante do Almaz de Seu Jorge - de quem já se falou por aqui. A canção-título, The Moon 1111, trabalha com um "embalo umbanda" contemporâneo, e sua sonoridade não deixa de ter as pitadas oitentistas. O single Ela Falava, contendo a simples e genial base feita com Wurlitzer e um efeito de chorus, ganha o inconsciente musical da audiência, como uma canção clássica. Já os intimistas sintetizadores de Exu Parade embalam os ouvidos com a junção da onipresente percussão, que aparece no decorrer de todo álbum. 

Experimental, esquizo e até meio tropical, este Moon... é mais um daqueles bons álbuns do Otto, proporcionando ao ouvinte entrar em algo como uma "sinestesia" - com o perdão do trocadilho.




Otto - iTunes


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