sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SINESVAI

Sinestésicos declara, qual calendário acadêmico, seu final nesse 2012 de meu deus. Todos os que dele fizeram parte querem agradecer a também todos os que participaram, divulgaram, reclamaram, cantaram, abusaram, irritaram, riram e que, de forma ou outra, fizeram as coisas funcionarem.



Não se sabe e ninguém não viu o que acontecerá em 2013 com o dito Sines, então que fiquemos num clima benfazejo & veranil de férias, pelo tempo que durar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

LISTAR ORIENTALMENTE OU TOP 10, DE NOVO

Por Atilio Butturi Junior

Para fazer carinha de imperador chinês e esquadrinhas, classificar, separar, hierarquizar e produzir verdade, ou simplesmente para muito pessoalmente listar as coisas que mais tocaram na minha vitrolinha nesse ano nada cabalístico de greve, suor & trabalho, uma brincadeira de top 10. É preciso dizer que não estão por aqui só os mais ouvidos, porque os tímpanos vezenquando buscavam as musiquinhas de outrora. Porém, de algum modo estranho & peculiar, é sempre um jeito de lembrar o 2012 que se esvai.


Leonard Cohen - Come Healing: o Cohen é, pra mim, uma versão mais turbinada e melhor do Dylan - mas é pra mim. Acho o álbum que ele lançou esse ano, o Old Ideas, uma coisa primorosa. É mau, as letras são duras, tem desesperança & redenção. Come Healing, lá dentro, funciona como uma falso-bálsamo, que mistura a voz grave do Cohen com aquele coro que ainda se precisa explicar. Classe classe.





Rufus Wainwright - Bitter Tears: o Rufus, depois de um álbum de que não gostei e depois de quase furar o Release the Stars, apareceu esse ano com um novinho e supostamente pop disco, o Out of Time. Ouvi, reouvi e fiquei com as manias de Bitter Tears, que é amarga e cruel como já se supõe pelo título. Só faltou o clipe que me prometeram.

Madonna - Love Spent: sim, eu deveria negar & fingir que não ouvi nunca sequer uma musiquinha. Sim. Sim. Sim. E pra todas as acusações. A moça lançou em 2012 o MDNA, talvez o pior dos seus álbuns desde 1989. A moça errou, lançou singles risíveis, chamou produtores duvidosos. Entretanto, porém & todavia, lá pelos finais do álbum, com a mão ainda certeira do Orbit, Madonnão ainda criou uma faixa espetacular, que mistura dance minimalista, banjos e aquele som pesadão que detesto no cd. A faixa é Love Spent e não há como não lembrar de que ela faz, mesmo no pop, um grande som.

Allo Darlin' - Talullah: ninguém não se empolgou muito com o disquinho, mas os anos 90 e o Belle & Sebastian ainda conformam meus gostos. Talullah, musiquinha do meio do Europe - estranhamente a faixa sete, que sempre prefiro -, é aquela muito doce: vozinha de moça e muito banzo "And it's been a long time/Since I've seen all my old friends"



Céu - Eclipse Oculto: como eu gostei muito do Tributo ao Caetano  - porque prefiro ouvir versão do Beck a música supostamente nova e muito ruim -, é preciso uma menção honrosa pra versão da Céu do Eclipse Oculto. Ficou completamente feliz & tola, como a canção sempre deliciosamente pareceu.

Santigold: The Riot's Gone: eu gostei tanto tanto do primeiro álbum dessa moça (o homônimo, de 2008), de fazer dancinha & cantar alto, que quando ouvi o Master of My Make-Believe fiquei assustado & intranquilo. Como por onde eu ando não foi possível não ouvir compulsivamente o cd, acabou que semi-entendi o que rolava e especialmente essa música, The Riot's Gone,  fez meu gostinho clichê-balada-triste amar pratodavida - e nem preciso dizer que é justamente a faixa sete.

First aid Kit -Emmylou: as mocinhas do First Aid estavam no meu tocador há tempos e nesse ano apareceram no iTunes com Emmylou. Bastou isso e baixou-se single, álbum (The Lion's Roar) e por aqui houve gente que quase furou o disco. Particularmente, gosto de Emmylou porque tem aquele intertexto folk-romântico, com as vozinhas das suecas-quase-country, uma coisa pra lá de rica.



Father John Misty- Now I'm Learning to love war: admito que fui ouvir o álbum só porque: 1) O cara é do Fleet Foxes, que pra mim ainda é imbatível; 2) O nome dele é Joshua Tillman, o que já me parece um sinal; 3) Li umas coisas que afirmavam que se tratava de um puta cd, o que pra mim interessa. Então, o negócio é o seguinte: vai em qualquer das faixas e começa a chamar ela de verdadeiramente sua no momento seguinte. Para os climas bélicos desses finais de ano e de mundo, nada como a musiquinha de quem aprendeu a amar a guerra - a escolhida para a listita do Sines.

Jens Lenkman - Every Little Hair Knows Your Name: fui apresentado ao moço em 2009 e naquelas de não-gosto-muito-desse-estilo, deixei pra lá. O álbum novo, I know what love isn't (2012), eu ouvi até que muito e acho a musiquinha de tolo, que fecha a produção - essa Every Little Hair... - , uma daquelas  faixas que se guarda para momentos esquizoides & obsessivos fundamentais.

AS QUE RISCARAM A BOLACHA: TOP 10 DE 2012

Por Leonardo de Carvalho Prozczinski 

Lá vem o Sines, dando seus últimos suspiros em 2012 – e quiçá no mundo. Sendo assim, o alarde está feito e apresento – depois de muito pensar, ouvir & reouvir – as dez “tracks mais mais” deste ano quem sabe apocalíptico. A lista é completamente imune à imparcialidade. 

Menos é mais: The Black Keys

The Black Keys – Lonely Boy: tendo tudo para ser a melhor música de 2012, Lonely Boy e seu videoclipe viral fizeram a dupla de rock The Black Keys estourar e empilhar fãs por onde passaram.




Grimes – Oblivion: entre gritinhos, sussurros e gemidos, Grimes conquistou tanto pela música, quanto pelo clipe, que foi gravado meio que no improviso durante dois eventos em Montreal. Não é à toa que a mocinha é musa do Sines nesta última etapa.

Mystery Jets – Someone Purer: de dar arrepios a cada audição, o refrão “give me rock n’ roll” aliado de “OoOos” e um ritmo suave faz de Someone Purer a obra prima dos Jets em 2012.

Alabama Shakes – Hold On: buscando nos anos 60 & 70, o Alabama Shakes traz em Hold On um pouco do que estas duas décadas nos deram: blues, soul, funky e R&B. Impossível não gostar da entonação de Brittany Howard.

 


The Lumineers – Ho Hey: fazendo a linha folk-rock, Ho Hey apresentou o trabalho do grupo The Lumineers munida de violão, tambor, palmas e um coro “bonitinho”.

Ladyhawke – Girl Like Me: psicodélica & insana, Ladyhawke voltou com tudo em 2012, abusando de guitarras, teclados e sintetizadores, fazendo uso de Girl Like Me para abrir o álbum Anxiety com as garras à mostra.

Two Door Cinema Club – Someday: recentemente citados aqui no Sines, o TDCC apresenta em Someday uma energia singular, além de uma bela composição, fazendo-os entrar nessa lista tão bem conceituada em tão pouco tempo.

Japandroids – The Night Of Wine And Roses: o ano foi das duplas, pelo menos para o rock. Tal qual o The Black Keys, o Japandroids faz a linha básica do rock: voz, guitarra e bateria. A faixa de abertura de Celebration Rock não poderia ser melhor e mais viva.

Fun. – We Are Young: encerrando as beldades de 2012, We Are Young, tão cansada e decorada, arrepia até os que a desconhecem. Visivelmente uma das melhores produções desse ano tão escasso. Uma estrela dourada para Janelle Monáe, que fez um verso singelo dar um brilho único à música.

Of Monsters And Men – Little Talks: escapando um pouco de 2012, a menção honrosa desta lista fica com a indie/folk Little Talks, que concilia incrivelmente as vozes de Nanna Hilmarsdóttir e Ragnar Pórhallson em um clima alegre & dançante embalado por “HEYs”.


OS PEDIDOS, DEBATIDOS & ADICIONADOS


Por Mateus Moreno Sá

Radical, espontâneo, crítico. Medidas são difíceis, gosto é algo muito peculiar e particular, o ato da crítica é delicado e por muitas vezes falho. Como no ano de 2012 deu-se uma aquietada nos álbuns e nas músicas, mantivemos um equilíbrio entre autos e baixos de novos clássicos. Aqui vai um top 10 de músicas:

Doom and Gloom – The Rolling Stones: talvez o mais inesperado, ou esperado do ano, os Stones conseguem manter sua essência e estar no contexto atual.

Devil in Me – Thiago Pethit – Estrela Decadente: em momento intimista, Pethit consegue a transição do santo para o demônio.


The Moon 1111 – Otto – The Moon 1111: de forma futurista, Otto renova-se  e expande seus horizontes musicais, compondo novos clássicos como Ela Falava e The Moon 1111.


Hold On – Alabama Shakes – Boys & Girls: de voz rouca, guitarras marcantes e feeling, Alabama ganha o reconhecimento com seu soul e seu blues.

Tempest - Deftones – Koi No Yokan: já comentado por mim, ainda é preciso ressaltar a minuciosa perspectiva do conjunto de nu-metal, que balança pelos alternativos.

White Galactic One – Lotus Plaza – Spooky Action At a Distance: tons introspectivos e ventos que se jogam ao horizonte, são sensações que Lotus Plaza traz aos ouvintes com suas músicas do novo álbum.


The Killing Type – Amanda Palmer – Theatre Is Evil: gritante e convencida, a girl Amanda deixa visível a firmeza e segurança em suas músicas, de elementos marcantes.

Under The Gun – Electric Guest – Mondo: é a simples parte do imaginário, uma garota de cabelo rosa correndo paralelamente ao horizonte em mais perfeita harmonia. O duo consegue espaço em propagandas, e os gritos da "comunidade" indie.



Autumn – Cobalt Blue – Still a Natural Condition: a banda lança seu primeiro trabalho em meio alternativo com produção independente feita  em uma chácara no interior do Rio Grande do Sul. De elementos progressivos, é atual. 

Anelar – Mar de Marte – Mar de Marte: não posso deixar de lado a cena musical alternativa de Erechim. Mar de Marte é uma banda instrumental que navega por diversos estilos, como a Seattle Grunge, o progressivo, o indie, Jeff Beck, e inúmeros outros. O Power Trio tem feito pequenas turnês no sul do Brasil durante o ano de 2011 e atingiu, em 2012,  um reconhecimento no sul do país.


É HORA DE DAR TCHAU


Por Yan Kaue Brasil 

Com clima de fim, despedida, adeusinho & chororô, Sines dá tapinha nas costas e diz tchau; adeus; até a não-volta. Porém-entretanto-todavia-sobretudo, tem top (less) 10 de finaleira, coisa rápida, sem gaguejo, pelo ían: eu. 

10 Robyn – Call Your Girlfriend: não é 2012, muito menos 2011, é 2010, porém Robyn é interdiscurso do Sines e, sobretudo, dona de um dos álbuns pops mais elogiados dos últimos tempos. Pra lá de empolgante, Call Your Girlfriend é de vestir o maiô e o creeper e dançar com a família na boate. 



09 Goldfrapp – Melancholy Sky: o duo Goldfrapp lançou nesse ano o disco The Singles (2012), uma compilação com todos os seus singles, além de duas novas músicas. Uma delas é Melancholy Sky: música de clima leve, quase orquestral, que chega a um clímax nostálgico em seus coros. 

08 Two Doors Cinema Club – Sun: banda de indie rock britânica que, em 2012, lançou o álbum Beacon (2012) e Sun é um de seus singles. Sun é dançante, com guitarra estridente e coro (& dancinha) contagiante. 

07 The Vaccines – I Always Knew: single do álbum Come Of Age (2012), I Always Knew é nostálgica e empolgante, com uma pegada juvenil viciante. 

06 Fiona Apple – Every Single Night: após seis anos, Fiona apresenta seu novo álbum, The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do (2012), cheio de sensibilidade confessional, porém com uma abordagem amadurecida. Every Single Night é densa, com direito a rugidos e doçuras. 

05 Patti Smith – Amerigo: Banga (2012), última álbum da poetiza e musicista Patti Smith, foi adorado pela crítica. Amerigo, em especial, carrega essa veia poética de Patti, com questionamentos e despedidas. 

04 The XX – Chained: Coexist (2012) é o ultimo álbum da banda The XX, no maior clima dias-cinzas-&-cafés. Chained, a faixa-single não se dispersa: é banzo, modesta, reflexiva - o que o Prozczinski chamaria de “beleza silenciosa”. 

03 Amanda Palmer – The Killing Type: com a ajuda de seus fãs, Amanda Palmer arrecadou mais de 1 milhão de dólares a produção de seu novo álbum, Theatre is Evil (2012), sendo The Killing Type o single. A faixa tem um pegada rock n’ roll crua e agressiva.




02 Muse – Madness: a banda britânica, que permeia o progressivo e o alternativo, lança em 2012 o álbum The 2nd Law (2012), sendo Madness um dos singles lançados. A faixa pode ser considerada uma das mais bem sucedidas do álbum: um jogo de vibrações sobre (não-) liberdade e reconciliações. 

01 Grimes – Genesis: a canadense Claire Boucher ganhou meu S2 em Visions (2012), seu último álbum. Uma mistura coesa de diversão, alucinação & sobreposição. Genesis, sobretudo no clipe, apresenta essas características: é dançante, empolgante, com direito a gritos, sussurros e coreografia bizarra.

CINCO FILMES PARA VER ANTES QUE O MUNDO ACABE

Por Andrei Vanin 

O Sines encerra suas atividades neste ano. Para fechar os trabalhos, nos propomos a fazer nossa própria lista de filmes e músicas. Assim, listei abaixo cinco filmes que valem à pena. A escolha de alguns foi por simples simpatia e apreço pelo tema. Outros, pela genialidade e prêmios que receberam, recebem ou receberão. 

1) A separação (2012) – do diretor Asghar Farhadi, narra a história de Nader e Simim que divergem sobre a ideia de sair do Irã. A mãe quer sair para dar melhores condições de vida à filha Termeh. Não havendo um acordo entre o casal, eles se separam. O filme ganhou Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, entre outros prêmios. O final é o melhor! 



2) Drive (2011) – é de 2011, mas chegou pelo Brasil neste ano. Dirigido por Nicolas Refn, o longa mistura ação e drama. A trilha sonora da à voz a Ryan Gosling, o personagem principal. O diretor ganhou Prêmio de Melhor Direção em Cannes. É um filme para ser ouvido. 

3) Looper – Assassinos do Futuro (2012) - do diretor Rian Johnson, o longa é um daqueles filmes com um começo um tanto cruel e sombrio e que vai se desenvolvendo e mostrando toda sua complexidade, até ter um final surpreendente. 

4) A pele que habito (2011) – outro que fez carreira este ano. Do renomado diretor Pedro Almodóvar, o longa narra o trauma da filha do cirurgião Robert Ledgard. Norma (a filha), que havia perdido sua mãe, é estuprada. A partir daí, Robert traça um plano para se vingar do estuprador e trabalha questões que vão de transformações plásticas a sentimentos um tanto perturbadores. 

5) This must be the place (2011) - chegou por aqui em 2012. Dirigido por Paolo Sorrentino, é um daqueles filmes que tem uma narrativa simples, mas surpreendente. O filme retrata a vida de um roqueiro aposentado, que não faz shows a mais de 20 anos, mas continua a se vestir e viver como se fosse uma estrela do rock. A descobrir que seu pai foi alvo de soldados nazistas, ele passa a procurá-los na tentativa de vingar-se por seu pai.