sábado, 31 de março de 2012

O "MURO" DE SOM E IMAGENS DE ROGER WATERS NA TERRA DE PERON

Por Gleison Wojciekowski (especial para o Sines)


Uma tarefa um tanto difícil é descrever um evento que aconteceu recentemente em Buenos Aires, e que eu mesmo considero indescritível e inacreditável, porém, também inesquecível: o show The Wall do ex-Pink Floyd Roger Waters. 


O disco 


O álbum conceitual (onde todas as canções e partes instrumentais estão correlacionadas, e fazem parte da mesma história) duplo The Wall, foi lançado pela banda inglesa Pink Floyd em 30 de novembro de 1978. O conceito do álbum, assim como a maioria das músicas, pertence a Roger Waters. 

The Wall é uma ópera rock, em que o personagem principal Pink (personagem fictício baseado no próprio Roger Waters), perde seu pai durante a Segunda Guerra Mundial, sofre com a ridicularização e o abuso de seus professores, com sua mãe superprotetora e, finalmente, com o fim de seu casamento. Tudo isso contribui para uma auto-imposta isolação da sociedade, representado por um “muro” metafórico. Durante uma alucinação de Pink, provocada pelo uso de drogas, ele se transforma em um ditador fascista, apenas para que a sua consciência rebelde o coloque em julgamento: seu juiz interior ordena que coloque abaixo seu muro e se abra para o mundo exterior. 

O álbum foi gravado em quatro estúdios diferentes, sendo um em Nova York (CBS Studios), um em Los Angeles (Producers Workshop), onde também foi mixado,  e dois no sul da França (Super Bear e Miravel).  The Wall foi comercialmente bem sucedido desde seu lançamento, chegando a ser um dos mais vendido em 1980, atingindo a marca de mais de 11,5 milhões de unidades somente nos Estados Unidos, e alcançando a primeira posição da Billboard. A revista Rolling Stone classificou The Wall na 87 ª posição da sua lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, assim como a Q Magazine o elegeu em 65º lugar. Além disso, o álbum  recebeu o disco de platina 23 vezes, e é o terceiro disco mais vendido de todos os tempos nos Estados Unidos.

A viagem 

A viagem à Buenos Aires foi organizada por uma figura emblemática no meio musical regional, Jamil e seu “Magic Bus”, que com sua larga experiência fez com que todos os problemas fossem superados facilmente. O ônibus partiu de Erechim no sábado dia 17 de março, às 11 horas da manhã, saindo de Passo Fundo às 13h 30min. Após uma viagem pelo pampa argentino, chegamos ao Hotel República, na Plaza de La República, às 11 horas de domingo dia 18 de março. 

No dia 20 de março, terça-feira, às 15 horas, nos dirigimos para o local do show, e chegando lá, era possível observar a imensa fila que ocupava vários quarteirões. Quando os portões foram abertos, às 17 horas, o público foi se colocando em seus lugares . 

O show 

O show realizado dia 20 de março deste ano, na cidade de Buenos Aires, foi o 9 º realizado nesta cidade durante esta turnê, e como os anteriores teve sua lotação esgotada. O local das apresentações foi estádio do River Plate, que tem uma capacidade nas arquibancadas de mais de 60 mil pessoas -  com a ocupação também do campo, o concerto teve um público superior a cem mil pessoas. 

Waters em ação no The Wall


O espetáculo de Roger Waters é uma espécie de “arte total”, como buscava o compositor Richard Wagner em seus dramas musicais: não somente a música, mas as outras artes também participam, de modo a estimular todos os sentidos. A trilha sonora por si só já é espetacular, mas inserida entre os efeitos visuais e sonoros, transporta ouvinte para dentro da história de Waters.

Da plateia, a despedida de Waters e banda,  por Gleison Wojciekowski

Durante mais de duas horas o público fica inserido numa explosão de efeitos contando a história de Pink. O clímax ocorre quando o juiz interior de Pink manda que ele derrube o muro interior (the wall, afinal) que ele construiu e se liberte para o mundo. 

No Brasil, Roger Waters começou suas apresentações em Porto Alegre, passou pelo Rio de Janeiro e nos dia 1º e 3 de abril tocará The Wall em São Paulo. Quem tiver a oportunidade de assistir, não perca: é realmente um espetáculo inesquecível. 



* Gleison Wojciekowski é mestre em Música, professor da Universidade de Passo Fundo, professor do Belas Artes e presidente do Conselho Municipal de Cultura de Erechim, além de fã incondicional do Waters.



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